sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Hoje completa 71 anos da morte de Olga Benário Prestes. O crime de Olga era ser comunista. Foi entregue por Getúlio Vargas a Hitler que a manteve num campo de concentração nazista até sua morte. Importante trazer vivo e na memória episódios de um período da história tão recente. Olga Benário! Presente.
Por: Íris Tavares



Em 1931, Olga Gutmann Benário também respondia por Maria Bergner Vilar, Ana Baum de Revidor, Frida Leuschner e Olga Sinek. Militante política desde 1923, quando, aos 15 anos, passara a fazer parte do Partido Comunista Alemão (KPD), ela já tinha participado de conflitos de rua contra milícias de extrema-direita, atacado a prisão de Moabit e recebido o treinamento político e militar ministrado pela Escola Lenin, em Moscou. Era uma militante de grande peso na União Soviética. Em 1935, ela chegava ao Brasil como esposa de Luis Carlos Prestes. Nos passaportes, os nomes falsos Antônio Vilar e Maria Bergner Vilar.
Era um disfarce – Prestes voltara de Moscou, onde estava vivendo, para ingressar nos quadros do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e liderar uma revolução no País. Olga era a guarda-costas do líder brasileiro, com a missão de segui-lo para onde quer que fosse. Com a convivência, ambos envolveram-se emocionalmente, formando um casal de fato . O grupo responsável por preparar o movimento armado também era composto por outras 20 pessoas das mais diversas nacionalidades; entre eles belgas, alemães, russos e americanos.
Prestes foi aclamado presidente da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e começou a organizar, a partir do Rio de Janeiro, a Intentona Comunista – sempre com Olga ao lado, cuidando não só de sua segurança como também da rede de contatos e de apoio logístico. Já em novembro de 1935, o movimento foi sufocado, muitos militantes acabaram presos e o casal voltou para a clandestinidade. Em março de 1936, os dois foram presos. Para impedir que o marido fosse morto à queima-roupa, Olga se posicionou entre ele e os policiais.
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Na cadeia, ela descobriu que estava grávida de Prestes. O governo brasileiro recebeu um pedido de deportação da Alemanha, já governada por Adolf Hitler. Judia e comunista nascida em Munique, ela não teria chances em sua terra natal. Apesar de o advogado de defesa argumentar que o filho no ventre de Olga era cidadão brasileiro e não podia ser entregue a outro governo, o pedido de extradição foi aceito pelo Supremo Tribunal Federal. Ela chegou à Alemanha e levada diretamente para a prisão da Gestapo, onde teve sua filha, Anita Leocádia – que se tornaria historiadora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Com 14 meses de vida, Anita foi deixada com a avó, Dona Leocádia, mãe de Prestes (que só conheceria a própria filha ao ser libertado da prisão, em 1945).
Em 1938, Olga foi transferida para o campo de concentração de Lichtenburg. Em 1939, chegou a Ravensbrück, onde só viviam presas mulheres. Ali, ela organizou aulas de ginástica e história para as colegas. Em 1942, mais uma transferência, desta vez para o campo de extermínio de Bernbug. Ali morreu, aos 34 anos, na câmara de gás.
Com o fim da Segunda Guerra, Olga foi cultuada na Alemanha como uma mãe que defendia os direitos do povo e foi vitimada pelo nazismo. Seu nome batiza ruas em seis cidades alemãs. No Brasil, seu nome também dá nome a ruas, praças e escolas. Olga Benário deixou um exemplo de luta, determinação e sacrifício. Em 1989, ela foi retratada pela atriz Betina Vianny na telenovela Kananga do Japão. Em 2004, Camila Morgado interpretou o papel-título do filme Olga, dirigido por Jayme Monjardim.
Fonte:
Olga, Fernando Morais, Companhia das Letras, 1994